contagem dos dias

"Ensina-nos a contar os nossos dias para que alcancemos coração sábio" (Salmo 90:12)

16 Nov 2009

RECORDO AINDA

Recordo ainda... e nada mais me importa...

Aqueles dias de uma luz tão mansa

Que me deixavam, sempre, de lembrança,

Algum brinquedo novo à minha porta...



Mas veio um vento de Desesperança

Soprando cinzas pela noite morta!

E eu pendurei na galharia torta

Todos os meus brinquedos de criança...



Estrada afora após segui... Mas, aí,

Embora idade e senso eu aparente

Não vos iludais o velho que aqui vai:



Eu quero os meus brinquedos novamente!

Sou um pobre menino... acreditai!...

Que envelheceu, um dia, de repente!...




Mario Quintana









Hoje à noitinha vou me encontrar com “as meninas” e me sinto feliz de estar fazendo essa parte do trabalho. Engraçado como curto esses momentos em que me permito brincar com os participantes da minha pesquisa, em que trago “brinquedos” para eles, em que finalizo o encontro com uma sensação gostosa de ter deixado algo bom pra eles também, não apenas ter acumulado dados para minha pesquisa. Curtir é pouco, eu amo mesmo. Hoje mesmo estou aqui me preparando para o encontro de mais tarde e me revejo professora, me aprontando para encontrar meus pequenos que sempre amei tanto. Ensinar se tornou meu brinquedo não de infância mas de juventude. Assim como Quintana, fui separada dos meus brinquedos por bastante tempo e nessa hora sinto-me feliz de reencontrar essa emoção antiga.

Como se isso não bastasse, recentemente reencontrei uma pessoa que um dia foi minha aluna. Menina linda, de alma nobre e coracao enorme. Menina que cresceu mais que de re epnte devido a essas coisas misteriosas da vida. Creseceu depressa, mas cresceu com a mesma belza e nobreza que ja trazia no peito. Unida a seus irmãos, essa menina venceu batalhas enormes, aprendeu e desaprendeu tantas coisas. Nesse meio tempo nos perdemos de vista, mas meu coração sempre esteve ligado a ela, meus pensamentos volta e meia me levavam a ela. Até que finalmente nos reencontramos. É pra ela que escrevo hoje. Porque é a lembrança dela que hoje me alegra, é a amizade que estamos redescobrindo e que permeneceu intacta todos esses anos que me anima nesse preciso momento em que planejo esse encontro com outras meninas, que muito em breve não verei mais (ou quem sabe verei).

­­__ Ainda tenho tanta coisa pra te falar, minha linda. Falta-me tempo agora. Mas o tempo não é nosso inimigo, antes é nosso parceiro, nos permitindo momentos de silêncios para refletirmos, para saborearmos e digerirmos o que nos chega uma da outra. Mesmo em silêncio, nosso diálogo continua, perene e límpido.






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