Dri,
Hoje você me deixou uma mensagem falando de ciúmes, saudades e abraços. Três palavras que viajam mundos em sentidos e significados. De todas elas a mais forte é mesmo a saudade, que torna legítimo todo e qualquer ciúme e milagroso o desejado abraço.
Acho que ainda não lhe apresentei esse novo espaço, esse blog com data limite para terminar. Durante anos o Crônicas de uma estrangeira foi meu companheiro de jornada, mas nossa relação atingiu o ponto da maturidade, em que podemos apenas sentar lado a lado, relembrar os pontos mais pitorescos da viagem, e recontar as mesmas histórias infinitamente. Não precisamos realimentar nossas crônicas. Por isso ele agora dorme, para dar lugar a este espaço-blog, que tem função distinta e ao mesmo tempo semelhante.
Aqui venho dialogar com amigos, próximos e distantes, pessoas do meu passado e presente, que podem se interessar pelo meu futuro. Você é sem dúvida uma pessoa importantíssima dentre elas. Você esteve no comecinho da minha jornada profissional e não se ateve a ela, acabamos nos tornando irmãs de coração e alma. Mas nossas escolhas individuais nos impuseram uma nova geografia que nos tem impedido de construir nossas histórias com a presença de outrora. Fato que não nos impede de nos mantermos ligadas, sintonizadas e envolvidas no que quer que tenha nossa atenção, dedicação e amor.
Essa semana estou me preparando para exercer a função de mãe de estudante oficialmente. Semana que vem meu filhote inicia a “escola grande”. Vai iniciar formalmente sua jornada educacional, com tudo que essa jornada traz com ela. A pequenina também vai iniciar uma nova jornada num ambiente novo, novos amigos, novos desafios. Enquanto isso, reinicio minhas atividades na universidade. Atividades estas que são a razão de existir desse novo blog. Aos poucos quero compartilhar com os amigos os meus pensamentos nessa nova fase do curso e da minha vida acadêmica. Decidi me dar uma trégua em termos de elocubrações pessoais e íntimas, para mergulhar mais profundamente no impacto que as aprendizagens novas têm tido em mim. Talvez o blog se torne chato para algumas pessoas, mas sei que você mais que ninguém vai conseguir se entregar às minhas reflexões e até me ajudar a repensar meu pensar, rever minhas visões e reajustar o rítmo das passadas do meu caminhar. Por isso mesmo chamei você para cá, para esse cantinho de diálogo meio monológico, já que as respostas me têm chegado por outras vias, as quais não estou autorizada a partilhar aqui.

Estou feliz de pela primeira vez, desde que comecei essa pesquisa, ter tido a possibilidade de me preparar com antecedência, de estar completamente organizada antes da data marcada para algo. Sinto-me feliz e aliviada. Sinto-me ‘eu’ novamente, pois é assim que gosto de fazer as coisas e o desconforto e a angústia dos atrasos e dos prazos vencendo me incomodam e entristecem muito. Ainda tem alguns detalhes mínimos para serem concluídos, mas ainda tenho exatamente cinco dias antes de enviá-las.
Em relação à tese, estou cheia de fôlego novo para retomar a escrita e só me falta mesmo entrar na rotina de trabalhar exclusivamente nisso por algumas horas, sem ter que cuidar dos meninos ao mesmo tempo. Semana que vem isso será retomado. Queria muito poder contar com você pra ler um pouco do que tenho escrito pra me dar um retorno crítico e isento, mas entendo que tempo também é uma dificuldade pra você. Ao menos, se você tiver tempo de visitar o blog oficial da pesquisa, de vez em quando, já me deixará muito feliz (preciso lhe mandar a senha nova).
Seu abraço de saudade, com pitadas de ciúmes me dá um nó na garganta; nó vindo da saudade guardada há tanto tempo e da espera angustiada de lhe ter por perto, ainda que seja por breves momentos. Queria mesmo era viver perto de você novamente e dessa vez saberia tirar proveito de cada minuto de possibilidade de dividir um bom chocolate amargo e muitas risadas (e algumas lágrimas, que ninguém é de ferro).
Estou prestes a começar um ano novo. Vem comigo? Segura na minha mão e me sinaliza o estar de cada coisa, minha linda! Amo você!
2 comments:
Amiga-irmã
Dessa vez nem vou me ater as desculpas costumeiras de quem diz ter "inveja santa", pois se isso sempre me pareceu paradoxal o que dirá falar em algo do tipo "ciúmes santo". Nem combina em gênero ( pois não estou certa de que ciúmes é substantivo masculino); número(seria mais adequado ciúmes santos?); ou grau( quem ousaria mensurar o grau de ciúmes?). É melhor assumir a condição de ciumenta descarada e desprovida de qualquer culpa. O que eu queria mesmo era estar aí do seu lado e dos amigos que lhe são caros, lendo cada linha da pesquisa, discutindo até o indiscutível, contanto que estivéssemos compartilhando um bule de café com chocolate amargo (depois, claro, de me lambuzar com uma lasanha de frango cheia de lipídios, cheirando a trangressão). Frente a isso, só posso dizer que te amo, admiro sua guinada, seu pique, sua inteligência ímpar e criatividade igualmente peculiar. Amiga intelectual, irmã de alma...manda tudo pra mim, pois graças a net a gente pode fingir, a la Pollyana, que nunca estivemos tão próximas! Manda junto as senhas todas e endereços virtuais, pois não quero perder nem um segundo na busca da janela em que se encontra debruçada no momento; acho que está se movendo mais rapidamente que eu rumo ao infinito! Mas chegaremos lá juntas, pode acreditar. Agora, de mãos dadas, é só sair correndo: 1, 2, 3...já!
Eu te amo tanto, sabia? Linda demais. Vou mandar a senha, o endereco tudo...beijo
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