contagem dos dias

"Ensina-nos a contar os nossos dias para que alcancemos coração sábio" (Salmo 90:12)

22 Dec 2009

Meu irmão, nosso irmão...

Umberto, meu lindo

Dia desses eu estava falando de você para alguém e tentando explicar a profundidade do amor e respeito que temos um pelo outro, o que me levou a dizer algo tão verdadeiro quanto encantador: Umberto é o amigo que tenho de mais longa data, que me conhece tão bem quanto eu a ele, que permmaneceu meu amigo durante todas as diversas fases das nossas vidas, incluindo separações geográficas, diferenças religiosas, diferentes estilos de vida, diferentes grupos de amigos, diferentes escolhas profiionais. Somos tão diferentes e tão iguais. Ambos guardamos no coração uma história de amor com a Sabino Monte, entrecortada com momentos de tristeza, dor, perdas...saudades agora.
Lembro nitidamente do dia em que sua família chegou na nossa rua. Lembro do menino loiríssimo com uns olhos verdes que imediatamente passaram a fazer parte das minhas imagens preferidas no mundo todo. Fomos crianças juntos e crescemos juntos por um bom tempo. Um tempo bom. Andamos de mãos dadas, trocamos selinho, dividimos a amizade da mesma amiga, dividimos a intimidade só nossa de "arreparar" a passagem dos seres sentados na calcada de casa, no tempo em que ela fugiu pra bem longe...tantas coisas. Depois nosssas cartas cheias de afeto e recheadas das histórias das nossas experiências ao nos tornarmos adultos, independentes, os primeiros empregos de cada um, os amores, os desamores, a saudade constante e as visitas bem menos contantes. Nesse tempo eu e o Carlos nos tornamos mais próximos, ele se tornou um grande amigo, mas você permaneceu meu melhor amigo. Aos poucos fomos nos dando conta que não éramos apenas melhores amigos, éramos irmãos por adoção mútua. Ainda lembro da minha mãe te passando pito por causa de uns shorts curtíssimos, que nas palavras dela te deixavam “semi-nu”. Ainda acho graça ao visualizar a cena, o garoto de shorts e lembrar as palavras.


Recentemente, em julho, quando fui a uma conferência sobre a história das pessoas com deficiência, falei sobre o Cecé. Eu disse lá (e está gravado) uma verdade que talvez meus irmãos não gostem de ouvir, mas que não é menos verdade por isso. Você foi meu companheiro não apenas de brincadeira, mas de responsabilidade com o Cecé, muito mais que meus irmãos na época, já adultos, casados e ocupados com as próprias vidas. Reponsabilidade essa que levávamos na brincadeira, usando os mais inimagináveis artifícios pra convencer o moçoilo a ir pra casa (caroço de cajarana era uma “arraca” tenebrosa), ou então, vencidos pela tenacidade dele, nos rendíamos a carregá-lo segurando pelas pernas e braços, como um saco de batatas que ria. Sim, ele ria, dava risada de nós, dois tolos carregando um indivíduo que podia andar, mas que não tava a fim de ir pra casa. Você é o Beco pra ele, nosso irmão.

A vida já deu tantas voltas. A tecnologia já avançou tanto desde o tempo das cartas Manaus-Fortaleza, algumas em caneta verde que adorávamos. Hoje em dia temos MSN, Email, Orkut e mais uma parafernália tecnológica, mas nossos contatos continuam leves, breves...ouvir sua voz ao telefone ainda me traz lágrimas aos olhos...espero ouvir sua voz hoje! Sim, hoje que é seu segundo aniversário. O aniversário oficial foi há um mês e eu não poderia quebrar a tradição de perder a data e usar o recurso (escuso?) da data oficiosa. Espero conseguir ligar numa hora em que você possa atender e que a gente possa conversar um pouco, depois que o nó na garganta tiver passado, umas lágrimas tiverem se acomodado na face e então o coração esteja apto a guiar uma convera normal, entre dois adultos. Amo quem ama você! Amo quem voce ama! Amo você incondicionalmente e para sempre!


2 comments:

Bauer said...

Nossa..só vc pra me fazer chorar hoje....que lindo.....essa foto...kkkkk...onde cosegui?....

Unknown said...

Essa imagem fez parte da minha apresentacao na conferencia em julho, que o Weaver produziu pra mim. Agora tambem a estou usando na introducao da tese.

Beijo