Finalmente vou parar uns minutos pra escrever sobre minha breve visita a Edimburgo e pra explicar porque eu disse que queria escrever especialmente para você. Sabe, Gê, você e eu, e mais alguns milhões de pessoas, dentre as quais algumas que nós conhecemos; sonhamos com uma terra em que se possa respirar poesia e literatura, uma terra em que escritores sejam os heóis nacionais e a poesia o pão de cada dia.

A conferência foi maravilhosa em diversos sentidos, mas o maior deles foi mesmo a oportunidade de respirar aquele ar. Respirar literalmente, porque a conferencia aconteceu numa parte da Universidade em que o cheiro dos séculos de cultura exala das paredes revestidas em veludo vermelho (dentro desse castelinho da foto). Embora a conferência não fosse ‘sobre’ a cidade, o fato de ser sobre livros e publicações justificou que algumas palestras fossem sobre a cidade e seu orgulhoso título permanente de cidade da literatura da UNESCO (foi a primeira ganhar o titulo, tendo ate o momento apenas outras duas no mundo com o mesmo titulo: Melburne e Iowa). Graças a isso, aprendi que Edimburgo é a cidade dos escritores, que a cidade abriga a biblioteca nacional que tem atualmente aproximadamente 40 milhões de itens em 490 idiomas e esse número cresce todos os dias. Edimburgo tem também o maior festival do de livro do mundo, com 700 eventos para todas as idades que se desenvolvem em 17 dias. E essa parte você iria amar, a cidade sedia com o centro escocês de contação de histórias, que é algo substancial nas atividades da cidade. Nesse centro, profssionais se apresentam, cursos são ministrados, bem como o público tem oportunidade de experimentar subir ao palco e soltar a alma e a voz. Só de ouvir, eu já podia imaginar você, no centro do palco, contando histórias em versos. Versos de memória, versos lidos, versos improvisados no momento. A cidade também se orgulha de ter o maior monumento do mundo dedicado a um escritor (Walter Scott), além de ter o museu do escritor e uma das únicas estações de trem do mundo que leva o nome de um livro. Sem falar na poesia no parque! A lista de razões para a cidade ter ganho o título de cidade da literatura parece infinita.
Eu poderia contar mais, mas nesse momento tenho a sensação que já extrapolei sua quota de leitura online do dia ;-) -- se é que a doidinha chegou até aqui sem ter de sair correndo antes de terminar de ler (kkkk acho que vou levar cascudo em blog privativo. Ai que medao) --. Enfim, amiga, a mensagem é: Edimburgo pode ser apenas um sonho pra quem não vive lá, mas é também a certeza de que a utopia poética, mais que a utopia socialista ou comunista, é possível.
Sonhemos que esses redutos não sejam prilégio de uns poucos que já têm tanto, mas uma possibilidade real para os outros tantos que têm tão pouco. Voce esteve la comigo, Ge, junto com Dri, Regina, Kalina, Joao Paulo, Lucinha e tantas pessoas que em algum momento ousaram exalar poesia, literatura e cultura na minha vida. Beijo, minha linda poeta!
Atualizacao:
A Ge comentou noutro espaco, ja que nao conseguiu publicar aqui. Transcrevo aqui o que ela disse sobre isso:
gervana disse:
23/10/2009 às 12:05 AM
Nani, desconfio se voce faz mesmooo uma ideia, aproximada do real, do significado de suas palavras, de sua fala cheia de sentimento e presença , que me chega tão carregada de afeto… Dificil (d)escrever a emoção que me veio ao ler … OLha , fico encantada como essa coisa louca e ainda misteriosa (para mim): a internet e suas ferramentas “mis”, como ela pode aproximar tanto as pessoas, senti você, ouvi sua voz, foi quase como se eu estivesse lá de corpo presente, ja que a alma compareceu, com certeza, nos momentos que você pensou em mim e nas/os amigas/os que, como nós , sonham com a poesia solta pelos ares, fazendo burburinho pelas praças, atravessando muros…
adentro e lá fora
ficaram as dores, os medos
tudo que meu olhar enxergava
sombrio, descolorido
Vejo diferente
aqui só existem cores
claras, escuras, misturadinhas
nem sempre belas, mas vivas
vi vidas se descolorindo,
desbotadas dia a dia
frente a espelhos crueis ,
em mundos imundos e cheios de solidão
nestas paredes, com elas
respiramos ares outros
somos unos e diversos
estamos impregnados
do mais puro letr-ar
minha cabeça voa, meu peito voa
eu vou
e, apaixonada,
me escondo
nesta página
perdida,
para sempre,
achada
(Gervana Nobre Gurgel do Amaral)
1 comment:
Alem da GE, o Joao, que cito no post passou por aqui e mandou uma resposta linda. Acho lindo o modo como algumas pessoas fazem parte da minha vida. Algujmas de forma magica e misteriosa, como o Joao! Como ele nao vai vir aqui comentar, resolvi comentar po ele LOL
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